20 julho 2011

Lindo desenho! Quem foi que escaneou?

 

13 de Fevereiro, 2011 - pg. 6

          15 de Fevereiro, 2011 - pg.7

                                                            

 10 Fevereiro, 2011 - pg. 7                                         5 Fevereiro, 2011 pg. 4


Parado em frente a uma loja de calçados, eu contemplava um cartaz que mostrava uma menina sentada em um banco de jardim, balançando as pernas, para exibir o seu par de sapatos novos.
Era um desenho bem feito, a carvão, uma técnica muito usada pelos cartunistas de rua, e que hoje não se vê mais. Uma menina, deveria ter oito anos, acompanhada da mãe, aproxima-se e diz:
-- Olha, mamãe, que desenho bonito! Quem foi que escaneou?
Pois é. Hoje as crianças não desenham mais, escaneiam. Os nossos Chico, Cláudio Paiva, Bruno Drumond,  Lan,  Miguel Paiva, Henfil  e tantos outros – a lista é longa -  são monumentos a serem preservados e lembrados para que possamos dizer aos nossos netos:
-- Olha, meninada, antigamente tudo era feito a mão, a gente tinha que treinar muito para fazer um desenho bonito. E aí bastará mostrar algumas tirinhas dos cartunistas citados.  Depois mostraremos como será o futuro dos nossos potenciais desenhistas.  Abriremos as páginas  6 e 7 do “O Globo”. Lá, todo o mundo desenha.
 Artigos, colunas e crônicas estão sendo fartamente ilustrados com desenhos que não sei bem como classificar: psicodélicos, futuristas, naif ? Não, naif  é que não são. São uma curiosa combinação de riscos e rabiscos, manchas e borrões, enxertados com figurinhas geométricas pré-fabricadas do tipo triângulos, quadrados, círculos, elipses, espirais, além de letras, algarismos, reticências e ... pontos de exclamação !
Uma figura! Pouco entendo de desenho e artes plásticas e, menos ainda,  de computação. Mas é fácil concluir que esses desenhos são feitos com o "Paint", esse inteligente programinha de computador criado para ensinar as crianças a desenhar sem precisarem usar sua própria inteligência.

Vocês já viram os desenhos do Millôr Fernandes.  São de uma simplicidade encantadora. São expressivos e esteticamente primorosos. São inteligentes. Não sei se alguma vez o Millôr chegou a usar o Paint em seus desenhos. Mas, se o fez, certamente sabia usá-lo.
Contemplem, amigos, contemplem. E descubram: Quem foi que escaneou?